Desde que iniciei meus estudos em hipnose e hipnoterapia,verifiquei que existe um movimento natural no ser humano de mitificar, tornar fabuloso ou inacreditável, mistificar, tornar sobrenatural ou dar um sentido oculto, tudo aquilo que não compreende e em virtude disso a maioria das ciências, em seu estado germinativo, passou por momentos de incredulidade ou mitificação, haja vista o exemplo de Galileu Galilei que quase foi queimado na fogueira por afirmar que a terra era redonda, e esse também foram e são o caso da hipnose, ora mitificada, ora mistificada, ora desacreditada. E o maior agravante que reforça estes aspectos, vem sendo a utilização da hipnose para shows, no seu início em praças públicas e atualmente em programas televisivos, foi também muito utilizada em filmes de ficção científica para lavagens cerebrais e atuação em espionagens, surpreendendo o telespectador mais ingênuo e sendo banalizada pelos mais céticos.
Encontram-se algumas citações de que a hipnose já era utilizada em diversas civilizações antigas em cirurgias, principalmente as cerebrais e extração de dentes, mas tal fato não pode ser comprovado com exatidão em decorrência de este fato ter sido extraído de inscrições em cavernas, cerâmicas ou pelo exame de fósseis e múmias que mostram haverem sido submetidas a cirurgias de cérebro com sucesso. Mesmo porque em tempos bíblicos misturavam-se vinho aquecido com ópio para fins anestésicos e poderia ter sido utilizado em outras civilizações para fins cirúrgicos.
Já os gregos cultuavam uma deusa chamada Sofrosine que, segundo a história, tinha templos erigidos em sua honra, onde pessoas eram postas num estado semelhante ao sono para ouvirem “maravilhosos sermões” dos sacerdotes do templo e saiam de lá curadas e felizes voltando à vida normal.
Considera-se o início do estudo científico da hipnose, numa tentativa de transformá-la em ciência a fim de sua utilização na cura de doenças, a partir de 1760 e este estudo vem se desenvolvendo e está em evolução até os dias atuais. A hipnose não difere de nenhuma outra ciência, seus méritos e deméritos estão estreitamente ligados à lisura e bom senso do profissional que dela se utiliza.
Sob meu olhar, o que tem urgência em ser clareado é o fato de se atribuir um poder ao hipnotizador sobrepujante à condição humana. O único “poder” que ele tem a mais é ter estudado e aprendido a hipnose e qualquer outra coisa que daí resulte, está na mente fantasiosa do hipnotizador e de quem observa ou se submete ao transe hipnótico.
Outro ponto importante a ser esclarecido é que somente 25% das pessoas são suscetíveis à hipnose de palco e mesmo assim todas dispõem de mecanismos internos de defesa que protegem o subconsciente de sugestões hipnóticas que possam lhes causar prejuízos. Falando de outra maneira, só estão sujeitos ao comando hipnótico aqueles que aceitam estes comandos, portanto, se o hipnotizado não o quiser não reage a qualquer sugestão que lhe seja dada pelo hipnotizador.
Diante desta colocação pode ficar uma grande interrogação... Então só 25% das pessoas podem se beneficiar de tratamentos com hipnose? Não, não e não. Profissionais que se interessam em utilizar essa técnica, para ajudar as pessoas a resolverem problemas que as impeçam de viver uma vida saudável, dispõem de técnicas que atingem 100% de seus clientes.
A hipnose também não é uma panacéia. Sua eficácia se baseia no fato de ativar, através do transe, o sistema nervoso parassimpático que se ocupa das funções restauradoras e da armazenagem de recursos que possam ser necessários para lidar com situações difíceis. Eis aqui uma informação importante para desmistificar a hipnose. Em suma, “transe hipnótico é uma alteração neurológica temporária produzida por causas naturais identificáveis..., há evidências de que o estado de transe, desde que seja positivo, pode ter propriedades curativas em si e por si mesmo”.
Um dos precursores da hipnose foi Emile Coué que com seu trabalho e ensinamentos nos trouxe o conhecimento dos princípios científicos que governam a sugestionabilidade, ele mesmo resumiu sua teoria em duas conclusões:
1- Cada idéia que ocupa exclusivamente a mente é transformada num verdadeiro estado físico ou mental;
2- Os esforços que fazemos para refrear uma idéia pela aplicação da vontade apenas servem para tornar essa idéia mais poderosa.
Sintetizando: as pessoas são sugestionadas ou auto-sugestionadas para adquirir uma doença e podem ser sugestionadas para se livrar delas.
Abade Faria (1766-1819), um frade português, também um estudioso da hipnose traduzia essa teoria da seguinte forma: “Uma pessoa pode ser enfeitiçada para adoecer e pode ser enfeitiçada para sarar”.
Não existe aqui a intensão de se afirmar que todas as doenças são sugestões, pois tal fato seria leviano e negligenciaria todos os esforços, de séculos, desenvolvidos pela medicina na busca de compreender e buscar a cura para as moléstias humanas. Mesmo porque um dos maiores problemas, senão o maior em relação à doença, é que está sempre acompanhada por problemas emocionais. Não importa - uma questão muito discutida nas rodas acadêmicas - se são as emoções que provocam as doenças ou se as doenças é que desencadeia emoções, o que importa é que ambas, doenças e emoções, são pares constantes neste processo. Assim sendo, sempre que uma manifestação física aparece não podemos esquecer que tem como parceira uma emoção ou um problema emocional que também precisa ser sanado, caso contrário a “cura” não será definitiva, podendo acontecer de o sintoma tratado desaparecer momentaneamente ou deslocar-se para outros focos físicos.
Por crer nisso, aponto a hipnose como mais um recurso que pode ser integrado num tratamento multidisciplinar objetivando buscar o equilíbrio do binômio mente/corpo.
Além disso, é bastante produtiva em auxiliar as pessoas a buscarem seus recursos internos para sanar dificuldades de várias ordens e desenvolverem uma vida melhor e mais harmoniosa.
Indicações
da Hipnose
• Psicoterapiasda Hipnose
• Analgesias
• Anestesias
• Vômitos (gravídicos e outros)
• Náuseas
• Pruridos (gravídicos e outros)
• Sialorréia
• Sangramentos
• Controle de dor em pacientes com doenças crônicas e ou terminais
• Enurese noturna
• Ansiedades
• Tabagismo
• Gagueira
• Pré e pós operatórios (quaisquer)
• Pós partos e pré-partos
• Relaxamento físico e emocional
• Aumento da lactação
• Fobias
• Desenvolvimento de capacidades artísticas
• Acnes
• Melhora na conversação de línguas estrangeiras
• Câncer (na melhora da dor e da auto-estima)
• Rompimentos amorosos
• Na perda de parentes e/ou amigos (luto)
• Melhora de rendimento escolar
• Melhora do estresse do vestibulando ou daquele indivíduo que vai prestar qualquer exame (até o de habilitação)
• Gastrites
• Tristeza
• Desânimo
• Tique nervoso
• Entrevistas (evitar o “branco”)
• Anorexia nervosa
• Bulimia
• Obesidade
• Estresse
• Síndromes pós traumáticas
• Síndrome do pânico
• Doenças de pele (vitiligo, psoríase, verrugas, etc..)
• Doenças alérgicas
• Em fisioterapia para diminuir a dor
• Hipnose criminalística e forense executada por Psiquiatras e Psicólogos